Ao tomar a iniciativa de abrir uma loja, o pequeno varejista estuda sobre quais serão os seus fornecedores, o seu mix, como entregar seus produtos, o perfil dos clientes, a localização da loja, o seu ponto de venda (PDV), mas, muitas vezes, se esquece de que a sua equipe de colaboradores deve receber qualificação para sustentar e apoiar o crescimento do negócio.
A maioria dos pequenos varejistas é constituída pelo empreendedor inato. Muitas vezes com experiência no “chão de loja”, tem a sua rotina pautada pelas inúmeras atividades de operação da loja, eventualmente compartilhada com alguém de sua confiança, boa parte das vezes seus familiares.
Dessa forma, tem poucas oportunidades para participar de associações, cursos e treinamentos, enfim, falta-lhe tempo para as ações formais de ganho de conhecimento. Enfrenta os desafios e dificuldades no dia a dia e aprende na “marra”.
Infelizmente, quando observamos a operação das lojas, percebemos que essa realidade também se aplica aos seus funcionários. Eles são contratados, boa parte das vezes, sem experiência e são treinados por colaboradores que também não foram devidamente qualificados. Desencadeia-se, então, um processo repetitivo, que não contribui para a evolução do conhecimento, tampouco a boa prática do negócio.
Imagine a consequência de erros decorrentes da operação do setor financeiro, por exemplo, pagamentos em duplicata ou vendas sem recebimento; ou da área fiscal, impostos pagos a maior ou a menor; ou até mesmo a ruptura, ou falta de reposição de mercadorias em estoque. Estas são algumas situações, dentre outras tantas, que podem acontecer em sua loja! E o pior acontece quando reflete na insatisfação do seu cliente. Tudo isso em função da falta de qualificação dos colaboradores.
Muitos varejistas passam a valorizar a qualificação e transferência de conhecimento quando percebem as perdas financeiras. Alta dos custos, perda de faturamento ou baixa na rentabilidade doem no “bolso”. Constata-se que os processos operacionais da loja costumam estar confusos ou complexos, reflexo desse cenário. Outras vezes se iludem, procurando em relatórios do software as respostas que nunca aparecem!
Neste contexto chamamos atenção, mais uma vez, para a formação do colaborador. É preciso investir em programas de treinamento e transferência de conhecimento para que o funcionário, no futuro, consiga transmitir conhecimento para um colega, em um verdadeiro ciclo positivo.
“Treinamento é a educação, institucionalizada ou não, que visa adaptar a pessoas para o exercício de determinada função ou para a execução de tarefa específica, em determinada organização. Seus objetivos são mais restritos e imediatos, visando dar à pessoa os elementos essenciais para o exercício de um presente cargo, preparando-o adequadamente”, afirma Chiavenato, um dos autores mais conhecidos e respeitados na área de Administração de Empresas e Recursos Humanos (1999, p. 21).
Em um levantamento feito pela SM (Supermercado Moderno) praticamente metade dos varejistas relata não ter processos bem definidos. Se considerarmos que a pesquisa não englobou a maioria dos pequenos varejistas, concluímos que a realidade das pequenas empresas é ainda mais sombria.
Considerando a competitividade do mercado varejista, investir na qualificação e valorizar a transferência do conhecimento entre os colaboradores impactará diretamente e positivamente na operação cotidiana. O compartilhamento, comunicação e colaboração entre setores proporcionará uma verdadeira revolução.
É por meio da qualificação, que seu estabelecimento poderá contar com um bom padrão de atendimento, bons processos em níveis gerenciais, menos falhas operacionais – como problemas no estoque -, maior organização no seu ponto de venda e consequentemente, com a maior satisfação e otimização dos seus funcionários, diminuindo a rotatividade, que muitas vezes pode ser consequência da falta de qualificação da sua empresa.