Chame os colaboradores para uma conversa franca, mas esteja preparado para o que vai ouvir. Nesse artigo você vai entender a importância do feedback às avessas nas empresas.
Quantas vezes você parou para ouvir o que os funcionários de sua equipe têm a dizer sobre o seu jeito de liderar? Se a resposta for poucas vezes ou nenhuma, está na hora de rever seus conceitos e abrir seus ouvidos.
Um estudo realizado por professores americanos e belgas – publicado recentemente no jornal acadêmico Journal of Organizational Behavior – aponta que o simples ato de pedir a opinião sobre o seu trabalho pode render resultados positivos no desempenho da equipe e da empresa. Quando os profissionais se sentem fazendo parte da equipe, a confiança aumenta e isso acaba gerando maior produtividade. Ou seja, todos saem ganhando.
Abrir a porta da sala, convocar um a um e ouvir tudo o que será dito. É mais ou menos assim que o processo de Feedback às avessas acontece.
De acordo com Yonder Kou, diretor do Espaço de Desenvolvimento da ABRH-PR (Associação Brasileira de Recursos Humanos no Paraná), antes de pedir o feedback, é preciso estar preparado para as opiniões de diferentes pessoas sobre o trabalho desenvolvido.
“É recomendado um feedback constante e não só duas vezes por ano, como geralmente acontece. E líder deve ouvir funcionário e vice-versa”, afirma o especialista.
Para Luiz Wever, CEO da Odgers Berndtson Brasil – empresa internacional de seleção de executivos – estar disposto a ter uma conversa franca com o funcionário é uma boa oportunidade de perceber que existe algo muito importante chamado humildade.
Wever ressalta que ninguém sabe tudo e que aprender melhora a estrutura de gestão. “É muito comum ver muitas ideias brilhantes que surgem de pessoas mais simples mas que não são levadas em consideração porque seus chefes nem percebem”, afirma Wever.
No chão de loja, os funcionários podem pensar, por exemplo, em maneiras de economizar energia. Até os promotores da indústria podem trazer soluções criativas para o supermercado. “Eles estão mais perto do cliente e no dia a dia da operação, mas, como raramente têm a oportunidade de conversar com seus líderes, as ideias simplesmente morrem”, completa Wever.
Caso você não queira mais desperdiçar ideias, opiniões e críticas da sua equipe, confira a resposta dos especialistas às principais dúvidas que você pode ter. Comece a se preparar para saber o que os outros realmente pensam sobre você e a sua empresa. E, na sequência, reflita sobre o que fazer com todo o material colhido.
É sempre importante escutar os funcionários. De acordo com Kou, há alguns casos em que os colaboradores só querem falar sobre como se sentem.
O grande segredo do feedback – tanto do líder para a equipe como vice-versa – é focar as argumentações em fatos e dados e não na pessoa em si. E é fundamental lembrar que existe o feedback positivo.
Geralmente existe o medo de elogiar o chefe, porque pode parecer puxa-saco. O feedback deve promover engajamento, motivação e inspirar as pessoas a evoluir e trazer à tona aquilo que melhor sabem fazer.
A recomendação é fazer o feedback nas primeiras horas do dia para evitar esgotamento físico ou mental.
Outra dica é não ser reativo, ou seja, querer responder a tudo na hora. A melhor atitude é escutar o funcionário, agradecer pelas informações, dizer que vai pensar e processar o que foi dito.
Só após ter descansado e estar com o emocional mais equilibrado, é que se deve chamar a pessoa para falar sobre o que ficou pendente. Há uma tendência natural de receber a crítica e reagir imediatamente com negação. Mas essa atitude não colabora para melhoria ou desenvolvimento do líder.
Wever lembra que a comunicação sincera é um processo que leva um tempo e que vai se instalando.
Yonder Kou concorda que deve existir uma conversa franca entre as pessoas, mas isso não quer dizer que seja de forma bruta. Deve-se falar de maneira aberta mas com calma, com jeito e aos poucos.
Os brasileiros costumam generalizar e levar as coisas para o lado pessoal e emocional. É importante que o feedback se torne uma ferramenta de engajamento e motivação. Se for feito de maneira equivocada ou às pressas, pelos corredores da empresa ou em público, pode gerar efeitos contrários e desastrosos.
A primeira medida é refletir sobre o que foi dito e depois elaborar um plano de ação contemplando os pontos mais importantes – aqueles que garantirão maior impacto positivo sobre o desempenho da equipe. “Novas pequenas ações no dia a dia podem gerar grandes resultados”, afirma Kou.
O especialista Wever completa dizendo que para avaliar se o líder está melhorando, nada melhor do que novas conversas com os funcionários. Vale muito um relacionamento aberto entre líder e liderados para que as informações fluam no dia a dia.
Texto original publicado no Supermercado Moderno.
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