Mesmo que pareça demasiadamente profético, o título deste artigo ainda não chega aos pés do título que o inspirou: “O Mundo nunca mais será o mesmo” – um compilado assinado pelo Google com dados e projeções acerca das transformações provocadas pela COVID-19 e as tendências socioeconômicas a partir dela.
E será mesmo? “O Mundo nunca mais será o mesmo”?
O mundo já passava por uma revolução digital há mais de uma década, mas o varejo de alimentos sempre foi um dos maiores desafios nesta transformação.
Nos últimos anos, as maiores empresas de varejo alimentar do planeta já começaram a se movimentar na direção do Omnichannel, unindo os canais online e offline. Entretanto, até mesmo as companhias que se anteciparam nesta direção foram pegas de surpresa quando viram suas estruturas sendo extenuadas para além da capacidade sob a circunstância da COVID-19.
Que estamos em uma crise de proporções globais, atravessando um momento ímpar na história, já não nos restam dúvidas, mas aparentemente há uma penumbra de que ainda estamos incertos de como e por quanto tempo sentiremos os impactos desta Pandemia, e se serão temporários ou permanentes.
Acreditamos com muita veemência que vamos superar, mas como será o varejo alimentar do amanhã?
Agrupo aqui diversos argumentos de porque o varejo tende a nunca mais ser o mesmo. Não no sentido profético ou acadêmico, mas no intuito de fornecer provocações às mentes inquietas dos varejistas que exercitam a “visão” de longo alcance como parte essencial da estratégia de seus negócios.
Descubra:
A experimentação sem dúvidas é uma das principais formas de engajamento do consumidor. O consumidor, antes inseguro, acomodado e receoso, foi impelido a buscar canais alternativos e remotos de compra.
Nestes tempos de COVID-19, milhões de brasileiros quebraram o paradigma e saíram de sua zona de conforto para experimentar as compras online, seja diretamente no canal digital do varejista ou via Marketplaces.
A experimentação online ocorreu, o consumidor gostou (em sua grande maioria) e segue repetindo suas compras à distância (mesmo que forçado pelas circunstâncias).
Esse comportamento de repetição tende a se tornar um hábito e provavelmente será incorporado à cultura do consumo pós-pandemia. Temos, portanto, um enorme potencial de fidelização dos clientes nos canais digitais.
Trabalhar remotamente sempre foi o sonho de muitos trabalhadores e essa realidade/cultura tem sido acelerada forçosamente e incorporada na rotina das empresas de todos os tamanhos.
Não só os trabalhadores viram benefícios, mas seus empregadores também, que em muitos casos notaram a produtividade aumentar e o custo de infraestrutura e de transporte diminuir.
Muitas empresas já anunciaram que essa realidade se manterá pós-Covid e, provavelmente, viveremos um novo mundo de trabalhos à distância, onde as pessoas e as ferramentas estarão aptas para esta nova realidade.
Nesse contexto, a quantidade de pessoas circulando nas ruas e shoppings deverá ser menor, o fluxo de pessoas nas lojas físicas devem sofrer uma pressão negativa e a necessidade dos sistemas de delivery será latente.
Além de trabalhar remotamente, as pessoas vão consumir mais conhecimento remotamente. Faculdades, escolas, cursos e eventos corporativos tiveram que se adaptar rapidamente, assim como seus alunos/participantes.
As instituições que oferecem EAD foram alavancadas absurdamente. As pessoas e diversos setores da sociedade estão aprendendo a executar suas atividades remotamente: consultas médicas, sessões de terapia, aulas de ginástica, etc. Essas transformações gerarão as mesmas consequências citadas no tópico anterior.
As pessoas ficarão cansadas de suas casas e tendem a sair delas, a usar o tempo livre prioritariamente para o lazer. Assim, o foco das atividades externas será o lazer e não as compras, o consumo será mais vinculado ao contexto de saída e não ao contrário, como costumava ser a regra.
O que já era um comportamento característico da geração Z e millennials, será expandido para outras gerações, principalmente aquelas que compreendem a população economicamente ativa.
Existe, nesse momento, uma digitalização acelerada do varejo em geral, o contexto atual está tracionando fortemente a evolução digital das empresas.
Mesmo se os canais digitais ainda não estiverem maduros na maioria das companhias, eles certamente estarão muito melhor em pouco tempo. A infraestrutura, as pessoas, os sistemas, a cultura das empresas, tudo está evoluindo para que o canal digital atenda melhor o cliente, gere uma experiência de compra mais agradável e fidelize o mesmo.
O mercado está sendo loteado e se sua empresa não está se posicionando nesse movimento, não tenha dúvidas, seu concorrente está.
Como exemplo do impacto da organização da oferta sobre a demanda, os carros só se tornaram bens massificados quando a indústria automobilística preparou uma estrutura de atendimento massificada (fordismo) e conseguiu produzir veículos mais baratos, mais seguros e acessíveis a todos.
A indústria já está se posicionando totalmente a favor da digitalização do varejo, mesmo porque está enxergando um canal que será muito mais forte, eficaz e barato para chegar até seu consumidor.
Algumas grandes companhias já estão, inclusive, praticando condições comerciais diferenciadas para os varejistas que possuem canais de venda online.
Um dos maiores desafios na venda de delivery é justamente a questão da entrega e do dinamismo que esta requer. A maioria dos varejistas e seus parceiros não possuíam relevante inteligência (ou pouca) na gestão logística e de entregas.
O aumento da demanda abrupta tem feito empresas, tecnologias e estratégias surgirem neste contexto, criando modais mais velozes, eficazes e com custos mais acessíveis diante da escala.
Diante destes argumentos, podemos estimar que há grandes chances de uma significativa transformação na atual cultura de consumo e seus mecanismos/sistemas.
Como poderemos pensar no varejo do amanhã? O varejo nunca mais será o mesmo? Fica a provocação para o leitor.
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