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Gestão

Economizar energia elétrica: comprando por um preço menor

Escrito por André Lopes | 01/11/2018
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Tempo de leitura: 5 minutos

Diante do aumento na conta de luz nos últimos anos, algumas ações podem ser determinantes para economizar energia elétrica. Suas despesas com a conta de luz podem ser reduzidas considerando o consumo e a possibilidade de comprar energia por um preço menor.

 Economizar energia elétrica: comprando por um preço menor

Para avaliar a viabilidade de pagar um preço menor pela energia consumida, é importante entender inicialmente que os consumidores de energia elétrica são divididos em classes e subclasses. Além disso, acessam a rede de distribuição em tensões distintas, de forma que cada grupo de consumidor está sujeito a tarifas e regras diferentes.

Normalmente, os varejistas se encaixam na classe Comercial, Serviços e outras atividades, mais especificamente na subclasse Comercial. Para estes consumidores aplicam-se as tarifas homologadas pela ANEEL do grupo A. Quando ligados à rede em tensão igual ou superior a 2,3kV ou atendidas a partir de sistema subterrâneo de distribuição em tensão secundária. Há também as tarifas homologadas para o grupo B, quando ligados à rede em tensão inferior a 2,3kV.

1. Consumidores do grupo B

A maioria dos estabelecimentos varejistas se encaixam no grupo B, por apresentarem carga instalada inferior a 75kW. Este grupo é caracterizado pela tarifa monômia, na qual é aplicada uma taxa somente sobre o consumo de energia. Para esses consumidores, cabe avaliar a possibilidade de aderir à tarifa branca ou continuar na tarifa convencional.

Na tarifa branca, em contraste à convencional, são aplicados valores diferentes dependendo do horário em que a energia é consumida. O dia então é dividido em três períodos diferentes. São eles:

  • três horas de ponta – é cobrada uma tarifa muito superior à convencional;
  • duas horas intermediárias – é cobrada uma tarifa pouco superior à convencional;
  • dezenove horas de fora-ponta – é cobrada uma tarifa inferior à convencional

Para economizar energia, o consumidor deve avaliar a possibilidade de concentrar seu consumo nos horários de fora-ponta. Assim, pagará um valor médio pela energia consumida inferior ao valor da tarifa convencional.

No varejo, dificilmente a tarifa branca se mostra vantajosa, uma vez que os horários de ponta e intermediários costumam ser em horários comerciais, nos quais o consumo dos estabelecimentos é alto. O horário de ponta da CEMIG, por exemplo, é de 17:00 às 19:59. Já os intermediários uma hora antes e uma hora depois, horários que em geral há alto consumo nos estabelecimentos varejistas. Cabe ressaltar que os finais de semana e feriados são sempre fora ponta.

Assim, avalie seu perfil de consumo, faça uma simulação de como ficaria sua conta ao aderir a tarifa branca e compare com a conta atual. Este é um exercício simples que pode trazer economia. Para verificar os horários de ponta e intermediários de sua distribuidora basta acessar o site da ANEEL. Já as tarifas devem ser conferidas no site da distribuidora detentora da concessão na sua região.

2. Consumidores do grupo A

Estabelecimentos de maior porte e que, portanto, têm uma maior carga instalada, apresentam tensão de fornecimento igual ou superior a 2,3kV, assim se enquadram no grupo A. Esse grupo é caracterizado pela tarifa binômia, na qual é cobrada uma taxa pelo consumo de energia e outra pela demanda contratada.

A demanda é a potência disponibilizada obrigatoriamente e continuamente pela distribuidora para o estabelecimento. Ou seja, se a qualquer momento seus equipamentos solicitarem aquela potência, ela deve estar disponível. Por outro lado, o consumo se refere à energia propriamente consumida. Caso haja demanda maior do que a contratada em algum momento do ciclo de faturamento, será cobrada uma tarifa de ultrapassagem. Esta taxa é duas vezes o valor da tarifa normal, caso a demanda seja inferior ou até 10% maior que a demanda contratada durante todo o período. Será cobrado o que for maior entre a demanda contratada e a demanda exigida.

Assim, se faz importante fazer um estudo da real demanda do seu estabelecimento. Afinal, se a demanda contratada estiver abaixo da requisitada pelos equipamentos, você estará frequentemente pagando uma tarifa muito mais alta. Por outro lado, caso a demanda contratada seja muito inferior à demanda requisitada, você estará frequentemente pagando por uma demanda que não utiliza.

Exemplo:

Um estabelecimento tem somente um equipamento, cuja potência é de 100kW. Esse consumidor contrata uma demanda de 100kW, mantém a máquina ligada durante 100 horas, no ciclo de faturamento. O valor da demanda é de R$10,00/kW e o preço do consumo, R$0,50/kWh. (Esses valores são fictícios, verifique os valores das tarifas vigentes no site da sua distribuidora).

Ele pagará o valor da demanda contratada:

100kW x R$10,00/kW = R$1.000,00

Somado ao valor da energia consumida:

100kW x 100h x R$0,50/kWh = 10.000kWh x R$0,50/kWh = R$5.000,00

Assim, o valor total da fatura será:

R$1.000,00+R$5.000,00 = R$6.000,00

Agora vamos imaginar que ao invés de contratar 100kW de demanda, esse consumidor resolva contratar 50kW e mantenha o mesmo padrão de consumo.

Ele pagará pela demanda contratada:

50kW x R$10,00/kW = R$500

E ainda pagará pela demanda ultrapassada:

(100kW-50kW) x R$20,00/kW = 50kW x R$20/kW = R$1.000,00

Assim, ele pagará um valor de R$1.500,00 pela demanda, em contraste aos R$1.000,00 do cenário anterior.

Em outro cenário, vamos imaginar que outro estabelecimento resolva contratar 150kW de demanda e mantenha o mesmo padrão de consumo. Ele pagará pela demanda contratada R$1.500,00 (150kW x R$10,00/kW).

Conclusão: possibilidades para economizar energia

Em cenários reais, nos quais vários equipamentos são utilizados em configurações diferentes, a análise pode se tornar complexa. Somado à isso, alguns consumidores do grupo A podem ainda optar por duas tarifas diferentes, sendo elas a tarifa verde e a tarifa azul.

Na tarifa verde, o consumidor paga uma tarifa única pela demanda, uma tarifa muito alta pelo consumo na ponta e uma tarifa baixa pelo consumo no fora-ponta. Já na tarifa azul o consumidor paga tanto de demanda, quanto de consumo diferentes para horários de ponta e de fora-ponta. Assim, se faz necessário ainda estudar o perfil de consumo e simular os diferentes cenários, para que seja possível decidir qual tarifa adotar e qual demanda contratar.

Consumidores com baixo consumo na ponta tendem a se beneficiar pela tarifa verde, enquanto aqueles que não conseguem concentrar seu consumo no fora-ponta tendem a se beneficiar da tarifa azul. Existe ainda a possibilidade de optar pela tarifa verde e gerar energia durante os horários de ponta, ou utilizar a energia de sistemas de armazenamento nesses horários.

Por fim, consumidores com demanda contratada acima de 500kW podem optar por aderir ao mercado livre. Neste, é possível continuar contratando a demanda da distribuidora, mas é possível negociar o valor pago pela energia consumida com diversas geradoras, podendo assim alcançar condições mais vantajosas. Esses consumidores devem procurar uma empresa comercializadora, cadastrada na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para estudar suas possibilidades.

Cabe ao consumidor estudar seu perfil de consumo, as tarifas praticadas em sua distribuidora e as alternativas disponíveis para tomar a melhor decisão. Em função da complexidade envolvida, pode se mostrar interessante contratar uma empresa especializada nesse serviço para auxiliá-lo.

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