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Quais os principais equívocos no cadastro de produtos da loja?

Escrito por Equipe InfoVarejo | 23/05/2022
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Tempo de leitura: 4 minutos

Muitas empresas ainda avaliam o cadastro de produtos como algo de importância secundária para o negócio. É um erro. Evitar equívocos no cadastro de produtos é um procedimento fundamental para melhorar processos em áreas importantes da loja, como o controle de estoque e vendas, por exemplo.

Quais os principais equívocos no cadastro de produtos da loja

Fátima Merlin consultora em gerenciamento por categorias, acredita que ter um cadastro adequado, seguindo uma estrutura mercadológica que reflita as necessidades do shopper, é requisito básico para a boa gestão. Fátima conhece tão bem a relevância do tema que costuma fazer uma recomendação direta a seus clientes: “Se não tem verba, invista só em cadastro”.

A orientação não vem por acaso. São muitas as vantagens de se trabalhar com essa base de dados organizada, seguindo um padrão e segmentando conforme a lógica de compra do shopper em cada categoria. Entre elas, está o acesso a dados confiáveis de desempenho, como vendas e lucro. Essas informações permitem, por exemplo, combater a ruptura de itens importantes e diminuir estoques daqueles com desempenho inferior. Para avançar, porém, é necessário derrubar alguns mitos propagados por quem não valoriza o cadastro como deveria.

Quais os mitos que geram equívocos no cadastro de produtos?

1 – O cadastro é só um registro dos produtos a serem vendidos na loja

Claro que o cadastro cumpre, sim, essa função de registrar cada produto, mas sua importância vai muito além. Tem papel fundamental na estrutura mercadológica, por isso deve seguir o critério de compra do shopper nas diversas categorias.

Um cadastro eficiente e atualizado antecipa tendências e revela problemas muitas vezes difíceis de visualizar. Em um determinado supermercado, a categoria de limpeza crescia a patamares próximos ao mercado, indicado pela Nielsen para o segmento. No entanto, nessa rede varejista 90% das vendas de cuidados com as roupas ainda eram de detergente em pó, enquanto a Nielsen mostrava que os lava-roupas líquidos já tinham participação média bem maiores que 10% no mercado. Ficou evidente que aquele supermercado desperdiçava oportunidade de melhorar indicadores, como a rentabilidade/m2.

2 – Cadastramento é sempre feito pela área comercial

Não existe uma regra para isso. Segundo Fátima Merlin, normalmente esse trabalho está sob responsabilidade da área comercial. Muitos supermercados, no entanto, deixam o setor administrativo encarregado dessa atividade. Durante uma reestruturação do cadastro, é possível até terceirizar profissionais para a tarefa, desde que estejam bem treinados e tenham total conhecimento dos padrões definidos para cadastrar os produtos.

3 – Erros de cadastro não causam grande impacto

Na verdade, eles podem gerar efeitos sérios, como estoques altos demais em certos itens e ruptura em outros – resultado de análises distorcidas do desempenho da categoria.

Fátima explica que a descrição incorreta é um dos erros comuns quando o assunto é cadastro. Uma maneira de se evitar isso é definir de forma clara a padronização a ser adotada no cadastramento: qual a sequência das informações, o que pode ser abreviado, de que forma isso será feito, etc.

Erros de alocação, quando um produto é cadastrado em segmentos, grupos ou categoria incorretos, também acontecem com frequência e geram muitos problemas. Uma das razões é a segmentação incorreta. “Em muitos casos, encontramos apenas dois ou três níveis e uma estrutura mercadológica inadequada”, afirma a consultora.

Um exemplo ocorreu em uma rede paulista. Na categoria de biscoitos, a segmentação considerava apenas salgados e doces. Com isso, cookies e biscoitos recheados tradicionais estavam no mesmo grupo dos doces, como se fossem uma coisa só. Detalhe: as vendas de cookies estão em alta, enquanto os recheados registram queda.

Em casos assim, é preciso ao menos mais um nível de segmentação, para que fique claro, na análise dos resultados, em quais itens vale a pena investir. Nesse exemplo, o ajuste no cadastro permitiu melhorar os resultados da categoria com a criação de meio módulo de gôndola exclusivamente para os cookies. Já o estoque excessivo de biscoitos recheados foi corrigido. Vale lembrar que reaproveitamento de códigos utilizados anteriormente em outros produtos é outra falha capaz de bagunçar o cadastro, atrapalhando a segmentação dos itens.

Principais equívocos no cadastro de produtos da loja

4 – Organizar o cadastro é muito demorado

O tempo dependerá da estrutura da equipe disponibilizada para o trabalho. Normalmente o prazo sugerido é de três meses.

Além disso, a organização é gradual, como foi o caso de uma rede paulista. O trabalho começou pela perfumaria. Finalizada a reestruturação de cadastro na seção, houve divulgação em boletins internos sobre os benefícios gerados pela iniciativa. Toda a equipe se empolgou com o fato de informações que demoravam um dia para serem levantadas agora estarem disponíveis em apenas uma hora para compradores e para a diretoria comercial.

5 – Não preciso me preocupar com cadastro, pois vou investir em GC (ou já invisto)

“Sempre digo aos meus clientes de gerenciamento por categorias que se não tratarmos o cadastro como base, o GC vai morrer com o tempo”, esclarece Fátima Merlin. Afinal, o cadastro tem influência na definição de quesitos fundamentais, como o papel de cada categoria na loja e a variedade de marcas que deve compor o sortimento.

Mesmo dados aparentemente simples, como as dimensões de cada produto (altura, largura e diâmetro), geralmente fornecidas pela indústria na ficha de cadastro, podem gerar problemas quando descritos incorretamente. O motivo é que o planograma definido pelo GC considera também a quantidade de itens que cabe no espaço destinado à exposição.

6 – Restruturar cadastro traz resultados diretos

Talvez esse seja o mito que mais prejudica os negócios. O exemplo de outro varejista mostra que investir no cadastro traz resultados rapidamente: a categoria de desodorantes crescia 8% ao mês, o que era considerado positivo pelo supermercado.

No entanto, ao observar a segmentação entre itens masculinos, femininos e teen, verificou-se a escassez de opções voltadas para homens, em contrapartida, à exagerada quantidade das outras linhas. Feita a correção, o crescimento da categoria saltou para 35%. Ajustar o cadastro significa comprar melhor, abastecer melhor a gôndola e melhorar resultados. Relevante, certo?

Checklist para evitar equívocos no cadastro de produtos:

  • Revise seu cadastro;
  • Ajuste as inconformidades;
  • Padronize as descrições e a forma como cada produto é cadastrado;
  • Adapte sua estrutura mercadológica de acordo com a visão do shopper;
  • Aloque os itens adequadamente;
  • Faça revisões periódicas.

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